domingo, 22 de fevereiro de 2009

libertários


Queria mergulhar num poliamor
Sem cobranças, sem exageros demasiados...
Pureza e perfeição num único toque.
Abraço, beijo sem dúvidas e receios...
Sem querer nada em troca.
Sem ligação no dia seguinte.
Coração fala mais que todo compromisso.
Todas as cadeiras estão vagas, sentem-se.
Conversemos.
Distantes e próximos.
A melhor tribo é a o dos "sem posse".

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009


Extraconjugal
Como descrever a felicidade conjugal?
Com algo igual.
Precisa morder com aparelho e língua
Precisa ter a sua pinta(s)
E tem que ter cabelo emaranhado
Visões diferentes do mesmo prazer
Que vem quente e gela
E a tarde
Que desperta
Acorda os sentidos que andam meio tortos
Desconcertados
Cada quarto teu é o teu quarto
Para quê sonhar acordado?
Acordados não vemos a hora passar
O principio de toda felicidade é o toque
É o cheiro que não se esquece
Ainda mais quando anoitece
Terminado tudo, deixe as coisas quietas assim
Boca se entende com boca
Corpo com corpo
E todo o resto.........
Quem complica
É a mente



Rafa e Paula

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

tempo, tempo, time...


Eu só quero um segundo teu, num segundo meu.


Uma droga pra travar minha língua, que não te toca.


O tempo passa e eu espero o momento de dar o bote.


De morder sua carne e salivar.


Um segundo.


Um segundo pra o resto de nossas vidas.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Aperto F5...


Os
homens
se fizeram
fracos
para
não
perceberem
a força dos deuses.
Eles
nos concederam o
delírio para não nos soltarmos.
A
credi
to em anjos,
eles voam ao meu redor
como num fogo.
Quero uma bandeja, me sirvam felicidade.
Pra
onde
vamos
com
tanta
pressa?

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

deixo

Tem de tudo nos dois lados.
não quero ser cruel.
Só acho que as vezes devoro tudo demais.
Fique aí.
Te quero longe, com duzentos e oito tiros.
Descasca.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Alma

Hiolanda fez filhos, amigos, inimigos e uma carreira. Falava sobre todos os assuntos e se cuidava muito. Sempre preocupada com o quê combinava com o que na hora de se vestir. Usava batom, calças jeans, realmente algo não muito casual para a maioria das oitentonas. Oitenta anos. Dois filhos e uma filha, casados, bem sucedidos e ajustados. Hiolanda enterrou o marido há 20 anos atrás, sem saudosismos, lembrava-o constantemente para ter bem viva a certeza de não se casar novamente. De cabeça erguida seguiu pela vida, coisa que o finado não conseguiria se tivesse escapado do ataque fulminante do coração. Ela se refere a esse episódio como ataque fulminante de consciência e logo foge do assunto. Havia descoberto que ele a traia há dezoito anos. Depois de ter superado todos os contratempos, palavra essa que ela adorava usar como bordão de eufemismo, percebeu que já vivera tudo, que já havia visto e ouvido de tudo e concluiu que era hora de morrer. E morrer na hora determinada e dia marcado por ela mesma, em seus pensamentos via que todos os dias da sua vida foram dignos, nunca prejudicou ninguém, nenhum remorso. Falara mal de alguém? Sim, mas comentários muito merecidos, então submergida nessa ausência de culpas e pecados ponderou e achou muito justo decidir como, quando e onde morrer. Possuía sentimentos e aparência forte, coisas que um corpo magro e enrugado costumava camuflar. Era dotada de uma inteligência e língua muito aguçadas. Sabia todas as datas e fatos relevantes de cor. No auge das faculdades mentais e psicológicas, salvo algumas dores de velho, disse a si mesma: é hora de morrer! Se levarmos em consideração os anos, os oitenta anos vivido por ela, poderia se entender essa compreensão do já vivido, mas sempre tendemos a pensar que quem chegou aos oitenta quase sempre quer mais. Hiolanda como sempre inovadora percebeu o passar dos dias e suas conseqüências e certa de tudo determinou que era sua vez de partir. Nessa quarta-feira em sua casa não se ouviram histórias por ela contadas como de costume, o que viram foram diários e fotos espalhados datados de 30 anos atrás. Neles Hiolanda se viu ainda sem a sabedoria de agora e sem conclusões maiores, percebeu que a velhice lhe deu uma visão muito além. E as coisas ocultas naquela época agora lhe eram claras como água. Por algumas horas saboreou sensações que há muito não tinha, releu nomes e reviu quase todas as personagens de sua vida. E que vida! Se faltou alguma coisa, os anos preencheram cada lacuna e os livros a levaram às viagens que não fez de fato. Todo o saudosismo esgotou-se e guardou suas recordações no fundo do baú e do seu coração, olhou para os retratos em cima da mesa da sala de jantar, fragmentos imóveis de vida! E a idade lhe deu o conformismo sabiamente antes ignorado já que errar também é viver. Passou a mão na enorme e velha agenda e gastou um bom tempo na triagem dos nomes que ela gostaria de ter nos tributos póstumos em sua homenagem, pensou em ligar para alguns deles e logo abandonou a idéia, pois seria muito estranho ligar para as pessoas as convidando para seu enterro. E como falar para todos que lhe convinha morrer às 10h30min do próximo sábado? Realmente era excêntrico demais, até para Hiolanda. Pensou em muitas alternativas, e concentrada naquilo tudo nem percebeu o rosto interrogativo da sua filha que lhe servia de companhia, ao ver todos aqueles retratos, folhas antigas espalhadas e as atitudes da mãe. Hiolanda aproveitou para lhe dar a grande noticia: iria morrer no sábado, o sábado de aleluia. Calmamente ela lhe explicou todos os seus pensamentos e lhe garantiu que no sábado às 10h30min estaria partindo para sempre. O raciocínio lógico e frases feitas assustaram sua filha que após longo silêncio baixou a cabeça, sorriu e saiu num sinal enfático de reprovação. Aquilo tudo era assustador. A semana passara e Hiolanda nos seus últimos preparativos espirituais ocupava todo o seu tempo. Na manhã do sábado, apesar do aviso apocalíptico ela estava calma e sua filha disfarçadamente angustiada. Hiolanda se distraiu por alguns instantes com suas flores e quando voltou a si eram 10h28min, gritou sem desespero por sua filha pedindo-lhe a vela. Vela? Assustada e confusa, sem receber maiores explicações correu por impulso a procura da vela, acendeu e trouxe depressa colocando entre suas mãos. A velha ali sentada em sua cadeira preferida, ao lado de suas flores preferidas, se despediu da vida deixando um último sorriso.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

bem vindo ao ninho


Tua chegada trouxe flores para o meu coração.
Me acalmou, porque vi que pra crescer não precisa de pressa.
Seu choro me deu a esperança de que a vida se renova e prossegue
com um ritmo tão natural que nos espantamos.
E nesse momento único olhei bem dentro de mim.
E segurando sua pequena mão, tudo se fez terno.
Meus medos se foram e adentrou um fiapo de luz.
Destruímos tantas coisas com nossas próprias mãos,
mas ali com tua mãozinha na minha
entendi que o melhor é construir.
Enxuguei as lágrimas.
Risadas nas estrelas como no livro.

para Joãozinho(que acaba de nascer)