segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Tudo é secreto nas palavras...


Hanna está sozinha, vai a fábrica com seu silêncio...Vive nele!
Ela chora pouco ao voltar pra casa, as lágrimas meio que secaram....
Hanna não sabe ao certo se se sente feliz ao voltar pra casa.
Quando ela não quer ouvir nada desliga o aparelho e fica mais só do que já estava.
Foram tantos anos escutando gritos e vazios...
Cumplicidade de uma boa alma que definhava todos os dias ao seu lado, o quarto dividido, a casa desmoronada..Trauma de ficar perto..
Ela se esconde atrás de insanidades...Finge sossego e calma.
Não sabe ouvir, não sabe escutar, não sabe se apegar...
É frágil.
As feridas foram costuradas com sal, e os gritos ainda ecoam...
Hanna não quer voltar pra casa.
Deseja a solidão...é mais sensato porque tudo que toca se transforma em dor.
Ela implora estar cercada, mas é ela, só ela que se entende.
Não adiantou fugir...Não adiantou proteção de um "amor"..ele não acalmou sua pressa!
A vida inconstante, as mudanças, fizeram-na perceber que seu caos são seus pensamentos...
Os cortes estão marcados pelo seu corpo e ele assim desnudo, parado na minha frente me faz chorar.
Não sinto pena, apenas queria estar lá quando a machucaram....
Mas agora ela está grande e pressente que essas feridas ainda não passaram...
A paz na solidão...
Hanna fala pouco, sua outra face é que se expõe. Que sustenta a segurança que não tem, sua articulação fingida, quase convence que é senhora de si...
Pobre Hanna, ter que voltar pra casa após temporadas na fábrica.
Ela quer ser enfermeira, consegue o emprego temporário e cura o doente cego pelas queimaduras..
O verão passa e ela volta à fábrica, ora triste, ora alegre, seu humor varia muito...
É a grande característica de Hanna, a outra seria abandonar sempre os que se aproximam...
Amigos?
Miragens.
Hanna não ouve nada, está imóvel com sua metade de maçã e seu arroz branco, sentada no banco.
Querendo atrasar o relógio para não voltar pra casa...
Está com medo desse bichinho que lhe mordeu...há paz na solidão?
Alcança Hanna, faz ela ver lógica nessa vida, nesses cortes...
Pede pra ela não fingir tanto que está tudo bem, porque por onde ela passa ficam gotas de sangue, e pequenos gestos de agonia...
Talves seja melhor não se aproximar.
Hanna desliga o aparelho, volta pra casa, finge e volta a fábrica triste como sempre foi e será.

2 comentários:

Rerlyn Le Fay disse...

Muuuito interesante!!!

Perto de Mim disse...

Acredito que todos nos temos um pouco de Hanna! Parabéns Paulinha.